O cancro do pulmão está a disparar entre as mulheres, um (mau) sinal da passagem do tempo e da emancipação da mulher, que, ao contrário do homem, não está a reduzir o consumo de tabaco.
Novos dados do registo oncológico do Sul revelam ainda subida de 30% no cancro do cólon em dez anos
Os cancros da pele, cólon e do pulmão são os que mais aumentaram nos últimos dez anos. O registo de doentes oncológicos para o Sul do país e ilhas apresenta hoje pela primeira vez dados com a evolução da doença durante uma década. A incidência de cancro do pulmão nas mulheres duplicou entre 1998 e 2009, de 6,3 casos para 12,4 por 100 mil pessoas por ano. Ana Miranda, directora do ROR Sul, antecipou ontem alguns dados numa conferência que aconteceu no Hospital da Luz, onde disse esperar que a restrição do fumo em locais fechados e campanhas de prevenção venha a inverter a tendência no aumento dos casos, que reflecte o aumento do consumo de tabaco pelas mulheres nos anos 80 e que que se estima poder levar a uma subida de 20% nos casos anuais em 2030.
No cancro do cólon, onde se regista um aumento entre os homens de 30% desde o final dos anos 1990, as projecções apontam para uma subida de 70% nos próximos 20 anos. Nesta área, como no cancro da pele, cuja incidência na população é mais reduzida – embora tenha aumentado dois terços na última década -, a expectativa da especialista é que também que as campanhas de prevenção e rastreio venham a alterar as projecções. Nestes dois cancros, uma das conotações é que ainda há muitos casos diagnosticados em fases avançadas.
Sobrevivência e mortalidade Dados completos para a incidência, sobrevivência e mortalidade por cancro nas situações detectadas em 2007 e seguidos nos cinco anos subsequentes, o que pressupõe a avaliação da evolução dos doentes até 2012, serão apresentados hoje nas jornadas do ROR Sul, registo que abrange 4,8 milhões de portugueses e assinala 25 anos de actividade.
Os cancros da mama e da próstata, os que mais afectam as mulheres e os homens, apresentam incidências estáveis desde 1998. No cancro rectal, a incidência também não tem sofrido alterações e os tumores do estômago, mais frequentes em Portugal que noutros países europeus, sobretudo na região Norte, diminuiu.
Nos tumores da mama, a taxa de sobrevivência a cinco anos passou de 73% em 1998 para 79% nos doentes detectados em 2007. Na próstata, a melhoria é mais expressiva: antes sobreviviam cinco anos 76% dos doentes e hoje a taxa ronda os 89%. Também no cancro do cólon houve melhorias significativas, tanto nas mulheres como nos homens: antes sobreviviam a cinco anos 44% e agora a taxa ronda os 57%. No pulmão ou estômago não há melhorias evidentes.