As doenças respiratórias são a terceira causa de morte em Portugal e matam, em média, duas pessoas por hora.
“Podemos dizer que por dia morrem 48 pessoas por doenças respiratórias”, lê-se no 13º relatório do Observatório Nacional da Doenças Respiratórias (ONDR). A publicação refere, ainda, que os problemas respiratórios, juntamente com o cancro do pulmão, traqueia e brônquios, foram responsáveis por mais de 17 mil mortes, em 2016.
Segundo o ONDR, as doenças respiratórias são um dos principais motivos de internamento, tendo o número de incidência aumentado cerca 26%, entre 2007 e 2016.
No entanto, comparado os últimos dois anos, regista-se uma redução de 3%, com o número de internamentos globais a passarem de 115.828 para 112.255.
“O que pode não significar uma melhoria no acesso aos cuidados”, refere António Carvalheira Santos, responsável do ONDR. O médico pneumologista explica que a redução de internamentos pode estar relacionada com o facto de os doentes preferirem hospitais privados a públicos.
“Sendo a doença respiratória crónica uma doença de idosos, deveríamos ter mais internamentos do que temos. No princípio deste ano, o número de camas de internamento do Serviço Nacional Saúde (SNS) era igual ao número de camas do privado”, ressalva o especialista, acrescentando que “se tivéssemos melhorado o acesso, a taxa de mortalidade descia”.
Como exemplo de situações nas quais o número de internamentos desceu, mas a taxa de mortalidade (20%) manteve-se igual, surge a pneumonia.
O mesmo acontece com a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (8%), os cancros do pulmão, traqueia e brônquios (31%) e a insuficiência respiratória (25%), que não sofreram alterações entre 2015 e 2016.
Relativamente à pneumonia, 78% dos internamentos correspondem a doentes com mais de 65 anos. Estes pacientes correspondem a 93% do total de mortes em pessoas internadas por motivo de pneumonia.
Para o Dr. António Carvalheira Santos, a solução para este grupo de risco seria inserir a vacina contra a pneumonia no Programa Nacional de Vacinação.
O relatório aponta, também, para a necessidade de uma maior aposta na prevenção. “Não temos reabilitação respiratória e sem ela não há tratamento adequado (…) Todas as doenças crónicas sintomáticas devem ter reabilitação. Enquanto esta não fizer parte integrante do tratamento do doente respiratório crónico, gastamos dinheiro e temos doentes cada vez mais doentes”, refere o responsável.