Um grupo de especialistas em medicina respiratória e saúde pública está a pedir maior atenção para o cancro do pulmão em não fumadores. No Journal of the Royal Society of Medicine, defendem que este tipo de tumor em pessoas que nunca fumaram é pouco reconhecido, ainda que tenha vindo a aumentar, e apresenta um desafio ao diagnóstico.
Os principais contributos para o cancro do pulmão em não fumadores incluem o fumo passivo, a exposição a agentes cancerígenos ocupacionais e a poluição atmosférica.
Paul Cosford, diretor Médico de Saúde Pública da Inglaterra, e autor principal do estudo, refere que, “durante muito tempo, o cancro do pulmão foi considerado apenas uma doença relacionada com o tabagismo. Essa continua a ser uma associação importante mas, como mostra este trabalho, a escala do desafio significa que é necessário aumentar a consciencialização dos médicos e formuladores de políticas para outros fatores de risco, incluindo a poluição do ar em ambientes internos e externos”.
Essa é, acrescenta, uma das recomendações feitas pelo estudo. “Ao cumprir a promessa de uma geração de ar limpo, podemos reduzir o número de casos de cancro do pulmão entre aqueles que nunca fumaram.”
Mick Peake, coautor do estudo e diretor clínico do Centro de Resultados do Cancro, do Hospital da Universidade de Londres, considera que “apesar dos avanços no nosso entendimento, a maioria das pessoas que nunca fumaram não acredita que está em risco e geralmente sofrem longos atrasos no diagnóstico, reduzindo a sua probabilidade de receberem tratamento”.
De acordo com o especialista, “chamar a atenção para a contribuição dos fatores de risco subjacentes ao cancro do pulmão em não fumadores apresenta uma oportunidade para reforçar os esforços no sentido de enfrentar outros grandes desafios de saúde pública. Para melhorar a qualidade do ar, os médicos e os formuladores de políticas devem estar cientes desta relação”.