Em 2018, já surgiram mais de dois milhões de novos casos de cancro do pulmão, em todo o mundo, de acordo com dados da Agência Internacional para a Investigação do Cancro (IARC), pertencente à Organização Mundial de Saúde. Este número representou quase 12% do total das incidências oncológicas deste ano e a IARC prevê que surjam mais 1,7 milhões de casos de cancro do pulmão, até ao final do ano.
O diagnóstico atempado é um dos principais objetivos no combate a esta doença, associado à necessidade de prevenção da patologia, nomeadamente via redução do uso do tabaco. António Araújo, médico oncologista e diretor do Serviço de Oncologia Médica no Centro Hospitalar do Porto, alerta, ainda, para o facto dos pacientes procurarem ajuda médica já num estádio avançado da doença. O médico acrescenta que “Cada doente é um doente que tem um tumor específico que não é igual ao de outro paciente”, explica o médico.
A necessidade de personalizar o tratamento a cada doente tem sido ressalvada pela ciência, ao longo dos anos. “Estamos cada vez mais a individualizar o tratamento do cancro do pulmão, através do desenvolvimento de terapias dirigidas a alvos, de precisão, que já constituem uma prática comum, todos os dias, em Portugal”, sublinha o médico António Araújo.
Se, por um lado, era a quimioterapia que liderava as opções de tratamento, até ao inicio do sec. XXI, a partir do ano 2000, uma série de investigações médicas descobriram mutações genéticas nas células tumorais que eram responsáveis pelo desenvolvimento do tumor. Perante novas revelações, surgiu a imunoterapia no tratamento do cancro do pulmão. Segundo o especialista António Araújo, o tratamento é benéfico “para 30 a 40% dos doentes, através da modulação do sistema imunológico dos doentes para tratar as células cancerígenas”.
Até mesmo a intervenção cirúrgica tem evoluído, com o desenvolvimento de uma nova técnica designada de “navegação eletromagnética broncoscópica”, que funciona como uma espécie de GPS e resulta em diagnósticos mais precisos e rápidos.
Não obstante, o médico sublinha: “Nos tumores localmente avançados, que não são precoces, mas que também não têm metástases, não podemos propor cirurgia, mas sim, radioterapia com quimioterapia concomitante. Conseguimos depois sugerir imunoterapia de manutenção, que pode ser para o longo da vida, desde que o doente tolere e o tumor esteja controlado”. Ainda que esta medicação não cure, tem a capacidade de tornar o cancro do pulmão numa doença crónica, possibilitando mais anos de vida, e com melhor qualidade, aos doentes.