Nas sessões anti-tabágicas a adesão dos jovens foi enorme
Oriunda de uma família ligada às artes, desde cedo, Isabel Barbedo de Magalhães foi ganhando uma sensibilidade particular para as questões ligadas ao humanismo, nas suas múltiplas facetas.
Não obstante a formação académica na área da economia, desenvolveu interesse e competências nas questões da saúde. Certa de que a intervenção da sociedade civil, quer a nível do individuo, quer da responsabilidade social das empresas, assume particular e crescente relevância na sociedade de hoje, envolveu-se em projectos no sector social solidário.
A amizade de longa data com o Dr. António Araújo, presidente da Pulmonale, foi o pretexto para a colaboração e o empenhamento concretos nas iniciativas da Associação Portuguesa de Luta contra o Cancro do Pulmão, designadamente nas acções de não iniciação do consumo do tabaco e/ou cessão do tabagismo entre os jovens.
Isabel Barbedo de Magalhães é natural do Porto, é licenciada em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto e é directora bancária para a área de empresas.
Que balanço faz das acções de não iniciação do consumo do tabaco e/ou cessão do tabagismo entre os jovens, desenvolvidas pela Pulmonale?
ISABEL BARBEDO DE MAGALHÃES – A Pulmonale iniciou as acções de prevenção do início do consumo do tabaco e da cessação do tabagismo no final de 2011 e em colaboração com o Instituto Portuguêsda Juventude (IPJ), no âmbito do Protocolo de Colaboração que firmaram e em que é o parceiro na área do tabagismo. Estas acções estão incluídas num programa muito importante para a juventude, o “Cuida-te “. Entretanto, entendeu-se ser da máxima relevância desenvolver toda uma estratégia de implementação no terreno deste tipo de acções, de forma pró-activa, consistente e permitindo atingir uma escala maior. Assim sendo, com a excelente colaboração e empenho do Prof. Dr. José Manuel Castro, delineou-se uma estratégia de actuação e desenharam-se planos de intervenção, os quais já foram ensaiados quer em Escolas do Ensino Básico e Secundário quer em Escolas Profissionais. O balanço destas acções tem sido muito positivo, patente nas avaliação das sessões por parte dos participantes.
Como reagiram os jovens envolvidos?
A adesão dos jovens foi enorme, traduzida numa participação entusiástica nas sessões, que decorrem assentes num modelo de participação e dinamização dos grupos envolvidos.
Que critérios estiveram na origem da escolha das escolas?
No que respeita às acções no âmbito do programa “Cuida-te” são as próprias escolas que solicitam as sessões por intermédio do IPJ. Quanto ao programa especificamente delineado pela Pulmonale, as acções de sensibilização foram escolhidas de forma a podermos ensaiar junto de vários públicos-alvo, de acordo com as especificidades impostas pelas diferentes idades, experiências de vida e meios sócio-económicos envolventes.
Como foram programadas as acções? Que recursos humanos e iniciativas específicas foram desenvolvidas?
Os modelos de intervenção no terreno foram preparados pela mestre Marta Lamarão
com a supervisão do Prof. Dr. José Manuel Castro (FPCEUP) e da Prof. Dra. Maria João
Cunha (ISMAI), especialistas nesta área. A estratégia de abordagem, num sentido mais lato, nomeadamente, entre outros aspectos, a escolha de públicos-alvo e formas de atingirmos escala nestas acções, têm tido ainda a participação activa do Presidente da Pulmonale, o Prof. Dr. António Araújo e de mim própria.
As intervenções foram diferentes consoante as idades dos jovens?
Certamente que a abordagem efectuada é diferente consoante as idades dos participantes, sendo que já abrangemos grupos desde os 10 anos aos 35 anos de idade (este grupo etário mais elevado em Escolas Profissionais).
Qual foi o público mais difícil?
Porventura o público mais difícil terá ocorrido numa turma do 5º ano de escolaridade, em que muitos alunos, apesar da idade rondar os 10 anos, eram já fumadores. Aliás, é nesta faixa etária que muitas vezes se experimenta este consumo aditivo, por razões de diversa ordem, mas com maior incidência na necessidade de afirmação interpares.
Que reacções suscitaram as intervenções?
Os jovens consideraram globalmente as acções pertinentes, com informação importante, utilização de meios adequada e preparação/atitude da formadora adequadas. Muitos deles quiseram associar-se à Pulmonale no sentido de acompanharem as nossas notícias e as actividades por nós desenvolvidas. Nessas sessões, tem sido também divulgado o facto de termos a decorrer, nas instalações do IPJ /Porto, a consulta de cessação tabágica dirigida aos jovens.
Que futuras iniciativas vai desenvolver a PULMONALE?
Continuaremos disponíveis para dinamizar acções pontuais solicitadas pelas Escolas no âmbito do Protocolo que temos com o IPJ. Para além disso, ensaiados os modelo de intervenção dirigidos a jovens e a adolescentes nas sessões que decorreram até agora, pretendemos replicá-las de forma sistemática e continuada, escola a escola, centro de emprego a centro de emprego. Para tornar possível todas estas acções em tempo oportuno, iremos procurar dar formação a formadores locais, a nível de cada entidade envolvida, permitindo alavancar o processo. Sendo a Pulmonale uma associação nacional é nosso objectivo numa fase posterior efectuar o rollout desta experiência a todo o País. É, também, nossa grande ambição o criar mecanismos de monitorização das nossas acções, que nos permitam avaliar com rigor os efeitos das mesmas. Não basta partilhar informação relevante, é fundamental perceber se essa informação está a traduzir-se em resultados efectivos.
Quais são os parceiros e que estratégia está a PULMONALE a preparar?
Temos em negociação dois novos Protocolos de Colaboração, um com o IEFP/Região
Norte e o outro com a Universidade Católica Portuguesa. Brevemente, pretendemos estabelecer mais protocolos com outras instituições. Estamos a privilegiar parceiros credíveis, parceiros com reconhecido know –how neste tipo de problemática, parceiros que colaborem connosco de forma a tornar possível acções da maior importância para a sociedade civil, bastando apenas pensar nos custos financeiros assumidos pelos contribuintes decorrentes das doenças associadas ao tabaco.